Antônio Luiz Mendes Soares
10/04/1945
“Conheci Antônio Luiz Mendes num curso de Direção de Fotografia no MAM, Rio de Janeiro, em 1990, quando ele, que era da Embrafilme, se propôs a me ajudar num projeto daquele que seria meu primeiro curta, infelizmente impedido pelo fim da empresa, decretado pelo governo Collor. Começou ali uma duradoura amizade, porém à distância porque Antônio seguiu no cinema e eu me estabeleci como fotógrafo still de publicidade e editorial, mas nos falávamos sempre que possível. Anos depois, com o advento das tecnologias digitais na fotografia, a realidade do mercado mudou muito e eu desisti do estúdio e comecei a trabalhar com Antônio no cinema, aprendendo com seu talento e generosidade, a arte da fotografia em movimento. Antônio foi meu mestre, amigo, chefe e, por fim, sócio. A dor que sinto desde o primeiro dia de 2021, dia da partida do meu amigo é cruel e só tem aumentado. Tínhamos muito ainda o que falar, eu tinha muito ainda a aprender com sua sabedoria de vida e capacidade de transmiti-la com serenidade. Peço a ele que me espere com a mesma paciência que esperávamos o sol nascer para filmar o amanhecer. Vamos nos reencontrar mais uma vez, precisamos terminar aquele roteiro que começamos a desenvolver."Rob Curvello. Próximo depoimento: “Querido Luiz, a você escrevo meu mestre, possuidor daquele Olhar que era seu e marchava em busca de luz. Lembro daquele momento, no palacete das artes, em salvador. O local bem escolhido, na entrada árvores, estátuas e um caminho de pedras portuguesas. A expectativa do ponto de mutação e o encontro com aquele que professa. A oficina de fotografia seguia e de tantos momentos aquele surpreendente! Sua defesa pelo meu olhar feminino, que foi confrontado por um jovem homem, estudante do curso. Você não pronunciou palavras, apenas o olhar que compreende a alma humana, e assim, me acolheu. Aquela foi a grande fotografia do invisível, fotografia do perceptível, mas que persiste pelo tempo infinito, pois segue inserido nas águas que caem do choro, do vermelho amanhecer. Um dia hospedada na sua casa, no Rio de Janeiro, assistimos ao filme “Iluminados” com direção de Cristina Leal, um documentário sobre a utilização da luz no cinema. Você lá estava como Diretor de Fotografia diante de tantos mestres que deram depoimento, como o mais experiente, Mário Carneiro. Você novamente não emitiu palavras, mas nas imagens vi seu sorriso e seu jeito tão humilde, apesar de estar ali a iluminar os iluminados. Em nosso último encontro conheci seu filho João Gabriel(Jonga), que é músico e mora em Porto Seguro. O segundo filho José Maria mora em Niterói, os dois filhos do casamento com Maria Madalena. Mas ao amanhecer, em plena pandemia, no dia 01 de janeiro/2021, te enviei uma mensagem e fiquei surpresa, pois Tatiane sua esposa que morava com ele no Rio, respondeu escrevendo: “Estou devastada, Luiz nos deixou vítima de Covid”. Tão inesperada notícia! Ainda esperava ouvir a voz suave de Luiz! Fez-se silêncio e ele partiu! Seu corpo foi cremado mas não pude ver o último semblante do rosto dele refletido pela luz. Tatiana viúva de Luiz, que agora entrou na minha vida, prepara um ritual com parte de suas cinzas, que acontecerá em salvador, com a presença de amigos e parentes. Agora estamos na espera de podermos cantar para nosso amigo Antônio Luiz." Patricia Lume &&&&& “Pessoa altruísta e humana, com qualidades, na qual o carisma era a maior delas. Tinha um amor imenso pela profissão, respirava e exalava cinema, preocupado com a evolução do ser humano, com a pobreza, desigualdades e com a cultura. Ele buscava sempre formas de eternizar os valores de riqueza cultural nascidas e/ou formadas no nosso país. Ele tinha conhecimento vasto, o que facilitava sua interação em qualquer roda de conversa. Ele era engraçado, mesmo com a característica, de uma pessoa séria. Enfim, eu poderia escrever um livro sobre meu pai, e nele, contaria suas aventuras nas viagens de trabalho, suas experiências como Diretor de Fotografia de filmes, documentários, videoclipes e das aulas que ministrou. Porém, devido a sua exaustiva vida de amor ao cinema, a família ficou meio que em 2° plano, mas sempre deu atenção devida e assistência necessária, no que era possível e tangível, eu creio. Era um viciado em cinema e como todo viciado acabou focando 90% na busca de sua onda, que era uma ótima onda, admirável virtuose. Agora que Deus o tenha e o conforte. Saudade de suas visitas Pai!” João Gabriel Laranjeira Soares (Jonga).
Enviado por: Robson Curvello